“Viver é afinar o instrumento
De dentro pra fora,
De fora pra dentro;
A toda hora, todo momento,
De dentro pra fora
De fora pra dentro;
A toda hora, todo momento,
De dentro pra fora
De fora pra dentro.
Tudo é uma questão de manter
A mente quieta,
A espinha ereta
E o coração tranquilo.”
In: Serra do Luar – de Walter Franco
Não é o princípio ou o conceito que cria e desenvolve o conhecimento. Pelo contrário, é o conhecimento que gera o princípio ou o conceito.
Uma afirmação, definição ou uma assertiva só se torna conceito ou princípio se o objetivo final foi alcançado. E a qualidade, abrangência, profundidade e validade deste conceito ou princípio não é reconhecido ou dado por si próprio e sim pela eficiência do resultado obtido pela prática do trabalho que é coletivo em si.
Se for matéria humana, precisa ser guardada e perpetuada – o que é feito através da linguagem, que é o registro afetivo, artístico, oral, escrito, técnico, lógico, matemático e científico de um conhecimento.
Algumas proposições logo tornam-se afirmações básicas que, de tão reconhecidas e absorvidas por nossa mente, não admitem muitos questionamentos ou dúvidas. Certo?
Então, deixe-me propor uma tese provavelmente não muito original, mas totalmente baseada na minha experiência pessoal e profissional aliada à uma sincera percepção e entendimento em relação aos que me são próximos.
Da mesma maneira como Newton e seus pares observaram que dois corpos são incapazes de permanecer no mesmo espaço ao mesmo tempo, afirmo categoricamente que dois pensamentos antagônicos também o são.
Isto significa que você jamais conseguirá pensar em coisas boas e positivas se, ao mesmo tempo, deixar-se invadir por pensamentos tristes e sombrios. E estes últimos sempre dominarão os demais por conta da natureza intrusiva e indomável que demonstram quando instalados.
Por isso, garanto: a força bruta da natureza humana é governada por forças tão poderosas quanto as da Física.
Então, grave isso como um mantra: se você for forte e persistente o bastante para deixar rancores, antipatias, lembranças que lhe fazem mal quando recordadas, sentimentos que lhe provocam tristeza, enfim, todo este caldo indigesto e corrosivo de lado, como se estivesse definitivamente equacionado dentro de você.
Se você realmente acreditar nisto e buscar este afastamento vital como quem se livra de um perigo mortal e iminente, acredite: toda a dor provocada por tais recordações irá embora da sua consciência e não mais lhe atormentará.
Existe uma técnica que nos ensina mais ou menos o seguinte: ao sentir raiva de alguém ou de alguma experiência ruim, acalme seu coração e respire calmamente – sem evitar a lembrança. Feche os olhos e pense nesta pessoa ou neste episódio com serenidade. Aceite, como se tivesse este poder, esta reminiscência até que a imagem, mergulhada em tamanho equilíbrio, se dissipe tornando-se uma breve e etérea névoa branca.
Ao mesmo tempo, procure conceber sentimentos de paz e de tranquilidade. Daí esta mesma fonte de calmaria inundará sua mente e sua alma de maneira plena e positiva. Você dará um novo significado a esta lembrança tão dolorosa e ela, abrandada, abrirá espaço para que novas e significativas memórias se assentem.
Isto não significa, absolutamente, que você aceita ou corrobora com o acontecimento. Não. Trata-se única e exclusivamente de entender que o passado não pode ser transformado, mas o presente sim.
Muitas vezes “deixar para trás” significa ter coragem de abandonar não só uma convicção, mas até um emprego, uma amizade, um espaço, uma relação, um projeto, um grupo – seja ele familiar ou não.
Abrir mão de mágoas e ressentimentos no lugar de fingir que o rancor nunca esteve lá, muitas vezes, é a única saída para seguir em frente e edificar experiências mais produtivas, significativas e satisfatórias.
E deste modo– e apenas assim, creia – seu caminho se abrirá para novos e grandes aprendizados.
A realidade do que você é não lhe será negada desde que você aceite e perdoe verdades muitas vezes difíceis acerca de si mesmo(a).
E, portanto, terá compreendido este princípio humano básico: quando abandonamos as coisas ruins, sejam elas objetos, pensamentos, atitudes, hábitos, companhias, planos, bugigangas que teimamos em guardar naquele armário frio e nebuloso que evitamos acessar por puro medo, abrimos uma clareira para que o novo aconteça em nossas vidas.
Não tenha medo e desapegue-se daquilo que não lhe faz bem. Deixe-se inundar de vida, acreditando mais na sua força e na sua intuição. E, desta forma, viverá muito mais feliz e apto(a) para produzir coisas boas.
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É sempre bom te ler, e lembrar que somos luzes e sombras . Boa semana para ti.